sexta-feira, 13 de março de 2015

O Deus que eu conheço









Muitas são as maneiras pelas quais Deus procura revelar-Se a
nós e pôr-nos em comunhão com Ele. A natureza fala sem cessar
aos nossos sentidos. O coração aberto é impressionado com o amor
e a glória de Deus manifestados nas obras de Suas mãos. O ouvido
atento ouve e compreende as comunicações de Deus pelos objetos
da natureza. Os verdejantes campos, as árvores altaneiras, os botões
e as flores, a nuvem que passa, a chuva, o rumorejante regato, as
glórias do firmamento, tudo nos fala ao coração, convidando-nos a
familiarizar-nos com Aquele que os criou a todos.
Nosso Salvador ligava Suas preciosas lições às coisas da natureza.
As árvores, os pássaros, as flores dos vales, as colinas, os lagos,
o belo firmamento, assim como os incidentes e o ambiente da vida
diária, tudo ligava-o Ele às palavras de verdade, para que Suas lições
fossem assim muitas vezes trazidas à memória, mesmo em meio dos
absorventes cuidados da trabalhosa vida humana.
Deus deseja que Seus filhos apreciem as Suas obras e se deleitem
na singela e serena formosura com que adornou nosso lar terrestre.
Ama o belo e, acima de tudo que é exteriormente atraente, ama a
beleza de caráter; deseja que cultivemos a pureza e a simplicidade,
as mudas graças das flores.
Se tão-somente estivermos atentos, as obras de Deus nos ensinarão
preciosas lições de obediência e confiança. Desde as estrelas, 
que em seu trajeto pelos espaços percorrem século após século a
rota invisível que lhes é designada, até o ínfimo átomo, todas as
coisas da natureza obedecem à vontade do Criador. E Deus cuida
de tudo e sustenta todas as coisas que criou. Aquele que mantém
os inumeráveis mundos através da imensidade, ao mesmo tempo
cuida das necessidades do pequeno pardal que, confiante, solta o seu
humilde gorjeio. Quando os homens saem para o seu labor diário,
assim como quando se acham entregues à oração; quando repousam
à noite, e quando se erguem de manhã; quando o rico se banqueteia
em seu palácio, ou quando o pobre reúne seus filhos em torno da
mesa escassa, sobre cada um o Pai celeste vigia com ternura. Nenhuma
lágrima é vertida sem que Deus a note. Não há sorriso que
Ele não perceba.
Se tão-somente crêssemos isto plenamente, desvanecer-se-iam
todas as ansiedades inúteis. Nossa vida não estaria tão cheia de
decepções como agora; pois tudo, quer grande quer pequeno, seria
confiado às mãos de Deus, que Se não embaraça com a multiplicidade
dos cuidados, nem é dominado por seu peso. Havíamos de
desfrutar então um repouso de alma ao qual muitos têm sido por
muito tempo alheios.
Enquanto vos deleitais nas atraentes belezas da Terra, pensai no
mundo por vir, o qual não conhecerá jamais a mancha do pecado
e morte; onde a face da natureza não mais apresentará as sombras
da maldição. Representai-vos na imaginação o lar dos remidos, e
lembrai-vos de que ele será mais glorioso do que o pode pintar
vossa mais brilhante imaginação. Nos variados dons de Deus em a
natureza só discernimos o mais pálido vislumbre de Sua glória. Está
escrito: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não
subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os
que O amam.” 1 Coríntios 2:9.
Poetas e naturalistas têm muito que dizer acerca da natureza;
mas é o cristão quem mais sabe apreciar as belezas da Terra, porque
reconhece a obra de seu Pai, e percebe Seu amor em cada flor,
arbusto ou árvore. Ninguém pode apreciar plenamente a significação
de montes e vales, rios e lagos, se não os olha como uma expressão
do amor de Deus ao homem.
Deus nos fala por meio de Suas operações providenciais, e pela
influência de Seu Espírito sobre o coração. Em nossas circunstâncias
e ambiente, nas mudanças que diariamente se realizam ao nosso
redor, podemos encontrar preciosas lições, se nosso coração está
aberto para discerni-las. O salmista, narrando a obra da providência
de Deus, diz: “A Terra está cheia da bondade do Senhor.” Salmos
33:5. “Quem é sábio observe estas coisas e considere atentamente
as benignidades do Senhor.” Salmos 107:43.
Deus nos fala a nós por Sua Palavra. Aí temos em linhas mais claras
a revelação de Seu caráter, de Seu procedimento com os homens,
e da grande obra de redenção. Aí está aberta perante nós a histó-
ria de patriarcas e profetas e outros homens santos da antiguidade.
Eram homens sujeitos “às mesmas paixões que nós”. Tiago 5:17.
Vemos como lutavam com abatimentos iguais aos nossos, como
caíam sob tentações como também nós o temos feito, e contudo de
novo se animavam e venciam pela graça de Deus; e considerando
esses exemplos, ficamos animados em nossas lutas por conseguir a 
justiça. Ao lermos acerca das preciosas experiências que lhes foram
concedidas, da luz, amor e bênção que lhes foi dado desfrutar, e da
obra que realizaram pela graça que lhes foi dada, o mesmo espírito
que os inspirava acende em nosso coração uma chama de santa emulação
e um desejo de ser semelhantes a eles no caráter, e de, como
eles, andar com Deus.
Disse Jesus acerca das Escrituras do Antigo Testamento — e
quanto mais é isto verdade do Novo! — “São elas que de Mim
testificam” (João 5:39), — dEle que é o Redentor. Aquele em quem
se centralizam nossas esperanças de vida eterna. Sim, a Bíblia toda
fala de Cristo. Desde o primeiro relatório da criação — pois “sem
Ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3) — até à promessa final:
“Eis que cedo venho” (Apocalipse 22:12) lemos acerca de Suas obras
e ouvimos a Sua voz. Se desejais familiarizar-vos com o Salvador,
estudai as Santas Escrituras.
Enchei o coração todo com as palavras de Deus. São elas a
água viva, a mitigar vossa sede ardente. São o pão vivo do Céu.
Jesus declara: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não
beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.” João 6:53.
E Ele mesmo explica essa declaração, dizendo: “As palavras que Eu
vos disse são espírito e vida.” João 6:63. Nosso corpo é formado
pelo que comemos e bebemos; e como se dá na economia natural,
assim também na espiritual; é aquilo em que meditamos, que dará
força e vigor à nossa natureza espiritual.
O tema da redenção é tema que os próprios anjos desejam penetrar;
será a ciência e o cântico dos remidos através dos séculos da
eternidade. Não é ele digno de atenta consideração e estudo agora?
A infinita misericórdia e amor de Jesus, o sacrifício feito por Ele 
em nosso favor, demandam a mais séria e solene reflexão. Devemos
demorar o pensamento no caráter de nosso amado Redentor e
Intercessor. Devemos meditar na missão dAquele que veio salvar
Seu povo, dos seus pecados. Ao contemplarmos assim os temas
celestiais, nossa fé e amor se fortalecerão, e nossas orações serão 
cada vez mais aceitáveis a Deus, porque a elas se misturarão cada
vez mais a fé e o amor. Serão inteligentes e fervorosas. Haverá mais
constante confiança em Jesus, e uma diária e viva experiência em
Seu poder de salvar perfeitamente a todos os que por Ele se chegam
a Deus.
Ao meditarmos nas perfeições do Salvador, havemos de desejar
ser transformados por completo, e renovados na imagem de Sua
pureza. A alma terá fome e sede de tornar-se semelhante Àquele a
quem adoramos. Quanto mais nossos pensamentos se demorarem
em Cristo, tanto mais falaremos dEle aos outros e O representaremos
perante o mundo.
A Bíblia não foi escrita para os doutos unicamente. Ao contrário,
destina-se ao povo comum. As grandes verdades indispensáveis para
a salvação, nela se acham reveladas com a clareza da luz meridiana;
e ninguém errará nem perderá o caminho a não ser os que seguirem
seu próprio juízo em vez da vontade de Deus, claramente revelada.
Não devemos aceitar o testemunho de nenhum homem quanto
ao que ensinam as Escrituras, mas sim estudar por nós mesmos
as palavras de Deus. Se permitirmos que outros pensem por nós,
 nossas próprias energias e habilidades adquiridas se atrofiarão. As
nobres faculdades do espírito podem, pela falta de exercício sobre
temas dignos de sua concentração, ficar tão debilitadas que percam
a capacidade de apanhar a profunda significação da Palavra de Deus.
O espírito se ampliará se for empregado em pesquisar a relação dos
assuntos da Bíblia, comparando passagem com passagem e coisas
espirituais com coisas espirituais.
Nada há mais apropriado para fortalecer o intelecto do que o
estudo das Escrituras. Nenhum outro livro é tão poderoso para elevar
os pensamentos, para dar vigor às faculdades, como as amplas e enobrecedoras
verdades da Bíblia. Se a Palavra de Deus fosse estudada
como devera ser, os homens teriam uma largueza de espírito, uma
nobreza de caráter e firmeza de propósito que raro se vêem nesses
tempos.
Bem pouco benefício, porém, se tira de uma leitura apressada
das Escrituras. Poder-se-á ler a Bíblia inteira e contudo deixar de
reconhecer-lhe a beleza ou compreender-lhe o sentido profundo e
oculto. Uma passagem que se estude até que seu sentido seja claro
ao espírito e evidente sua relação para com o plano da salvação,
é de maior valor do que a leitura de muitos capítulos sem ter em
vista nenhum propósito definido e sem adquirir nenhuma instrução
positiva. Levai convosco a Bíblia. Quando tiverdes oportunidade,
lede-a; fixai as passagens na memória. Mesmo enquanto estais a
andar pela rua, podeis ler uma passagem e meditar sobre ela, fixandoa
assim.
Não conseguiremos sabedoria sem fervorosa atenção e estudo
acompanhado de oração. Algumas porções da Escritura são, efetivamente,
tão claras que não podem ser mal compreendidas; mas outras
há cujo sentido não está sobre a superfície, de modo que possa ser 
apanhado de relance. É preciso comparar passagem com passagem.
Tem de haver cuidadoso estudo e reflexão acompanhada de orações.
E tal estudo será ricamente compensado. Como o mineiro descobre
veios de precioso metal sob a superfície da terra, assim aquele que
buscar perseverantemente a Palavra de Deus como a tesouros escondidos,
encontrará verdades do mais alto valor, as quais se acham
ocultas à vista do pesquisador descuidado. As palavras inspiradas,
meditadas no coração, serão como torrentes que brotam da fonte da
vida.
Nunca deve a Bíblia ser estudada sem oração. Antes de abrir suas
páginas, devemos pedir a iluminação do Espírito Santo, e ser-nos-á
dada. Quando Natanael veio a Jesus, o Salvador exclamou: “Eis aqui
um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.” Natanael volveu:
“De onde me conheces Tu?” E Jesus respondeu: “Antes que Filipe
te chamasse, te vi Eu estando tu debaixo da figueira.” João 1:47-48.
E Jesus ver-nos-á também nos lugares secretos de oração, se dEle
buscarmos a luz para saber qual a verdade. Anjos do mundo da luz
assistirão àqueles que, em humildade de coração, buscarem a guia
divina.
O Espírito Santo exalta e glorifica o Salvador. É sua missão
apresentar a Cristo, a pureza de Sua justiça e a grande salvação que
por Ele nos pertence. Jesus disse: “Ele... há de receber do que é Meu
e vo-lo há de anunciar.” João 16:14. O Espírito de verdade é o único
mestre eficaz da verdade divina. Quanto não deve Deus ter estimado
a raça humana, para que desse o Seu Filho a fim de por ela morrer,
e designasse o Seu Espírito para ser o mestre e constante guia do
homem! 

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