sexta-feira, 11 de maio de 2012

Veneno de Seis Letras




Revista Time, edição de 4 de dezembro de 1978, na capa está uma foto que causou calafrio em todos os que viram aquele horror. Espalhados estão os corpos dos mortos com o preparado fatal de refresco e cianeto de potássio. Os cadáveres daqueles que seguiram o reverendo Jim Jones até Jonestown, Guiana.
Donald Neff, correspondente da Time, que sobrevoou Janestown descreveu a cena daquela épica tragédia humana: " O grande prédio central estava rodeado de cores vivas. Parecia um estacionamento cheio de carros. Quando o avião desceu, vimos que os carros eram corpos. Dezenas e dezenas - centenas de corpos - com vestidos vermelhos, camisetas  azuis, blusas verdes, calças cor de rosas, macacões infantis estampados. Casais abraçados, crianças de mãos dadas com os pais. Nada se mexia. Havia roupas penduradas nos varais. Os campos havaim sido arados recentemente. Vicejavam bananeiras e parreiras. Mas nada se movia."
Uma tragédia humana de proporções indescritíveis! Novecentos e treze membros do Templo do Povo, mortos num ritual auto imposto de suicídios e homicídios em massa. E tudo por ordem de um demagogo fanático. Eles beberam o veneno.
Mas isso jamais aconteceria com você ou comigo, certo ?
Quem dentre nós, no seu juízo perfeito, entregaria sua liberdade de escolha a alguém que acabaria por exigir o sacrifício máximo? 
Nunca beberíamos a porcão fatal!
Somos muito inteligentes, independentes e lúcidos para permitir que alguém faça isso conosco.
Não somos ?
Mesmo assim, fico me perguntando: Será que nós também tomamos o veneno? 
Veneno de seis letras chamado p.e.c.a.d.o?
É uma pergunta justa. E suponho que devo pedir desculpas pelo simples fato de ter mencionado a palavra pecado, já que ninguém fala muito sobre ele hoje em dia. 
Talvez seja apropriada a pergunta que o conhecido psiquiatra Karl Menninger propôs anos atrás no seu best-seller: Whatever Became of Sin? { O Que Acabou Acontecendo com o Pecado?} - Aquela palavra, aquele veneno do qual ninguém mais fala - "o bom e antiquado pecado." Embora não haja nada de bom nele, com certeza ele já saiu de moda!
Isso quer dizer que não há mais algo chamado pecado ? De jeito nenhum! 
O fato é que, embora seja muito popular experimentar o pecado, não é popular explicar o seu conceito, muito menos ficar falando nele.
Seria seguro colocar  calmamente o pecado de lado, numa prateleira empoeirada em algum canto, e esperar que, por ignorá-lo, ele evaporasse? 
Acho que não dá pra dizer isso, especialmente se ficamos voltando sorrateiramente à prateleira e absorvendo um pouquinho dele de vez em quando - por amor aos velhos tempos.
Mas, por amor a todo o mundo, o fato é que o pecado é um veneno tão mortífero quanto o cianeto.
Faz todo o sentido do mundo confrontar ousadamente essa porção fatal para avaliar sua mortífera verdade.

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