domingo, 27 de outubro de 2013

Sedutor Compulsivo Perde Interesse por Objeto de Desejo Após a Conquista





Os conquistadores compulsivos não sabem como agir de outro modo. Embora pareçam libertinos, experimentam uma especie de prisão, pois só tem prazer com a sedução e, uma vez que conquistam , perdem o interesse pelo objeto desejado.

 Don Juan, surgiu no romance El Burlador de Sevilha, escrito pelo espanhol Tirso de Molina (1584-1648). Seu sucesso inspirou variações na literatura, na ópera, no teatro, no cinema, na TV. O lendário e eterno conquistador passou a servir também como modelo para estudiosos da personalidade e das relações amorosas. Eles descrevem como donjuanismo um padrão de comportamento de pessoas com um narcisismo patológico e que não têm interesse genuíno e duradouro pelo outro. No máximo, conseguem um breve período de investimento emocional em alguém que represente algum desafio, que teste sua competência em seduzir. A admiração provocada em outras pessoas é que recarrega sua autoestima e auto idealização. Para renovar a fonte de admiração, eles trocam de parceiro.

Um elemento complicador — o fato de a mulher ser indiferente, casada ou envolvida com um amigo — pode tornar sua caça mais interessante. O desafio muitas vezes se transforma em aposta entre amigos e as conquistas são apresentadas como troféus. 

O desinteresse pelo sentimento alheio aponta sua incapacidade de empatia. O que o outro sente só merece atenção se servir como ferramenta para a conquista. Um verdadeiro Don Juan percebe fraquezas e desejos, sabe exatamente o que a mulher quer ouvir. Mas conquista realizada significa final próximo, pois a gratificação dura pouco e o desejo se esvai. Surge então necessidade de renovar o ciclo.

A intimidade adquirida com o tempo representa um aborrecimento e uma ameaça porque acaba com a idealização, revelando suas qualidades e também seus defeitos. Às vezes, ele até crê estar apaixonado, sente que encontrou a mulher com quem deseja viver indefinidamente. Por isso, casa-se sucessivas vezes, sempre “acreditando” no amor, mas caindo logo no transitório.

Vale lembrar que também existe o donjuanismo feminino, porém, em uma sociedade patriarcal como a nossa, essas mulheres são malvistas, não carregam a aura de bon-vivant, de garanhão. 
Talvez até lhe concedam a libertação de sua prisão interna para que possa ter prazer com a continuidade da relação amorosa.


Célia Horta

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