domingo, 17 de junho de 2012

Saudade





Quando o sol golpeia no horizonte
e se vai reclinar por de trás do monte
como um boi colorado
repontado
pelo mango de noite
que tropeia
eu sofro a mágoa de tristeza,
a quietude sem fim da natureza
na saudade cruel que me maneia.

Xomíco!

Por que será
que Nosso Senhor nos dá
sem pena, nem julgamento,
a pua do pensamento
prá esporiar o coração?


Saudade!!!

Ela vem chegando,
tropereando...tropereando
tudo de bom que vivi.

Depois que a saudade apeia
amarra o pingo e sesteia,
nunca mais a gente ri.

Isto é: sempre há sorriso

mas para isso é preciso
enganar como perdiz
que piando numa moita
noutra se esconde afoita
fingindo que náo piou.
A gente não é feliz!

So ri dos dentes pra fora,
um gargalhar disfarçado,
uma risada amarela,
como potro atropelado
como boiada que estoura
na saída da cancela.

Saudade cheira a alecrim
mas é ruim que nem cupim
que dá em várzea de campo;
fere a gente de tal jeito
que o coração cá no peito
se banha nágua do pranto.

Saudade é grama cidreira,
é guecha passarinheira
que a gente nunca domina;
é dor aguda e danada,
dói mais do que uma chifrada
de vaca mansa brasina.

Saudade, coisa esquisita,
que Deus te faça bendita
como a hóstia no altar!...

Pois, de tudo que já tive,
somente a saudade vive,
vive a me acompanhar!


Antologia Crioula do RS
gentileza de Zildo Domar Medeiros Machado


2 comentários:

  1. Olá Vera, desejo que tudo esteja bem contigo!

    E por cá, sempre tem sido agradável passar, boas canções, belas imagens e belos textos sempre. Pois é, somente levamos daqui o que vivemos, e a saudade é uma de nossas companhias, ainda que as pessoas insistam em nos abandonar, a saudade insiste sempre em ficar, até o fim, sempre a nos acompanhar. Parabéns pelo belo texto de expressivos sentimentos.
    Grato por tua amizade eu deixo meu desejo que você e todos ao redor tenham um viver deveras intenso e feliz, abraços e até mais!

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