Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho estava dormindo. Quando ele voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado.
Precisava trabalhar para prover o sustento da família. Mas ele contou, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa.
E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.
Isso acontecia, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de um pai ou uma mãe se fazerem presentes, de se comunicarem com o filho.
Esse pai encontrou a sua, simples, mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo.
Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento.
Para que haja a comunicação, é preciso que os filhos "ouçam" a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
A criança pode não entender o significado de muitas palavras, mas sabe registrar um gesto de amor.
Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio de afeto e carinho.
Osvaldo França Junior
Livro Laranjas Iguais
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