segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Saudade, coisa esquisita




Saudade!!!

Ela vem chegando,
tropereando...tropereando
tudo de bom que vivi.

Depois que a saudade apeia
amarra o pingo e sesteia,
nunca mais a gente ri.

Isto é: sempre há sorriso
mas para isso é preciso
enganar como perdiz
que piando numa moita
noutra se esconde afoita
fingindo que náo piou.
A gente não é feliz!

So ri dos dentes pra fora,
um gargalhar disfarçado,
uma risada amarela,
como potro atropelado
como boiada que estoura
na saída da cancela.

Saudade cheira a alecrim
mas é ruim que nem cupim
que dá em várzea de campo;
fere a gente de tal jeito
que o coração cá no peito
se banha nágua do pranto.

Saudade é grama cidreira,
é guecha passarinheira
que a gente nunca domina;
é dor aguda e danada,
dói mais do que uma chifrada
de vaca mansa brasina.

Saudade, coisa esquisita,
que Deus te faça bendita
como a hóstia no altar!...

Pois, de tudo que já tive,
somente a saudade vive,
vive a me acompanhar!!!


Lauro Rodrigues
Antologia Crioula do RS

2 comentários:

  1. Poemas lindos e maravilhosos que nos transportam a outra dimensão e nos transmitem paz e serenidade.
    Muito obrigado.
    manuel aldeias

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  2. Cheguei e me abanquei. Gostei tanto que esse acima já copiei. Se rimou não sei, que vou publicar no meu blog, isso, eu sei que vou. Voltarei mais vezes. Um grande abraço do Universo

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