segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Quanto Vale uma Criança ?


Já não me lembro de todo enredo do filme "Lawrence da Arábia". Contudo, há um momento no filme que me fez pensar. Foi quando Lawrence, desejando convencer os nômades ajudá-lo na conquista de uma cidade bastante protegida, afirmou: "Lá tem ouro"! Os nômades se ajuntaram a Lawrence, e seguiram pelo deserto, enfrentando grande dificuldade em busca do ouro. Finalmente conseguiram tomar a cidade e agora Lawrence se preparava para cumprir o que prometera. Então foi ao caixa forte encheu os braços de cédulas, e foi distribuir a cada um dos seus homens corajosos. Mas qual não foi sua surpresa quando percebeu a rejeição dos nômades. Eles gritavam: "Você prometeu ouro. Não queremos papel!"
Ao lembrar deste filme, pus-me a pensar nas crianças. Como são preciosas as nossas crianças! Elas valem ouro puro. Contudo, muitas vezes estão sendo trocadas por "papel".
A correria em que nos envolvemos, cada dia. Correria em busca do dinheiro, mais "papel". Sei do valor e a necessidade do dinheiro, sua utilidade. Porém, sei que há valores maiores como as crianças, incomparavelmente mais. Havendo um incêndio, o "papel" desaparece. O ouro permanece.
Na luta da vida, há mães que precisam sair para trabalhar, deixando suas crianças sob os cuidados de terceiros. Porém, sei que há muitas outras que poderiam optar por um estilo de vida mais simples, escolhendo permanecer em casa, para cuidar dos seus tesouros. Mas, para isso, é preciso ter uma visão maior, um compreensão mais profunda do valor de uma criança, se faz necessário um exercício de renuncia, de abnegação. Concordamos que qualquer esforço compensa.
Joe Wheeler, diz o seguinte: "Mas, os pais abdicam da responsabilidade de acompanhar a criança nos seus anos cruciais (a infância), os danos que ela sofre na mente, no coração e na alma poderão ser irreparáveis. Poucos substitutos contratados para assumir esse papel terão paciência ou o tempo necessário para ajudar cuidadosamente o crescimento dessa delicada flor, de modo que suas pétalas não sejam magoadas".
Revista Veja, cujo título despertou atenção: "Vai nessa, mãe." A articulista apresentou uma pesquisa divulgada nos Estados Unidos, mostrando que os filhos aceitam bem o trabalho da mãe fora de casa. A autora da pesquisa, Ellen Galinsky, estava surpresa com o resultado. Mais de 1.000 crianças e adolescentes entrevistados, apenas 10% gostariam de passar mais tempo com os pais. O restante, declararam: "Gostaria que eles ganhassem mais dinheiro, para aumentar a mesada."
A mentalidade dos nossos filhos esta mudando, parece que aquele "papel", que representa o dinheiro esta adquirindo muito valor. Por que será que a mesada vem antes da família? Quem lhes deu essa visão de vida? Será que as crianças compreendem a diferença entre o "ouro" e o "papel"? Que elas entendem sobre valores ? E os pais ? Será que estão felizes, porque os filhos agora, são mais compreensivos e atenuam seus sentimentos de culpa?
Aqui cabe uma reflexão: Será que não estamos trocando "pérolas por missangas e ouro por latão"?
As crianças merecem nossa prioridade em tudo. Porque, em se tratando de educação, ou cuidamos ou sofremos as consequências do descuido. Não podemos recuar. Porque cada criança é uma jóia de imenso valor. Não tem preço!

3 comentários:

  1. Triste pensar que essa realidade, também se instala por aqui,e imaginar que tem tantas atividades que as mães podem exercer na própria casa, precisamos mudar a cabeça de muitos empresários do século XXI. Adorei o texto, Vera

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  2. Parabéns pelo teu Blog e teu trabalho, tudo escrito com muito bom gosto. A realidade das crianças em zonas de conflito é bem dura também, por onde passo procuro fazer o que posso, as vezes nada mais que ler uma história infantil...ou inventar uma na hora, como já fiz diversas vezes. Retorno a Àfrica no proximo mês com a angustia de sempre, torcendo para que estas crianças ainda estejam vivas.

    Obrigado pela visita.
    Sérgio Paiva

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